terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Por que é tão difícil ser um escritor?


Muitos leitores me escrevem perguntando se é difícil escrever... Bem, partilharei algumas experiências com vocês nesta postagem.

Pastor Ciro responde:

A cada dia, chego à conclusão de que escrever não é nada fácil. E, por isso, preciso me esforçar muito mais, a fim de explicar tudo aos meus leitores, nos mínimos detalhes. Mesmo assim, ainda correrei o risco de não ser compreendido...

Quando a dificuldade em compreender um texto vem de um leigo, até que me consolo. E tenho prazer em lhe mostrar que precisa melhorar em sua interpretação textual, além de explicar-lhe melhor as minhas argumentações. O pior é quando essa dificuldade vem de pessoas que fazem questão de exibir títulos: teólogo, filósofo, advogado, apologista, pastor, presbítero... Ou seja, pessoas que pensam estar certas, estando erradas.

Não tenho nada contra o uso de títulos. Mas não podemos nos esquecer de que não é o título que faz a pessoa. É a pessoa que faz o título. Assim como o Senhor Jesus foi acusado de falar contra o Templo — e condenado por isso —, em razão de os seus doutos acusadores não terem compreendido que Ele falava de seu próprio corpo (Jo 2.19,20), às vezes também sou acusado de ter dito o que jamais disse!

Há algum tempo, certo pastor me acusou de ter escrito contra o Grande Templo da Assembleia de Deus em Cuiabá-MT e aproveitou para me xingar (!) em público. Ele interpretou erroneamente o que eu escrevi no livro Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria, editado pela CPAD. No texto ficcional que abre esse livro, eu escrevi: “Chegando ao Brasil, Paulo é recepcionado por uma comitiva de pastores, que o convidam a conhecer, em certa cidade, o grande templo ecumênico das Igreja Paz & Amor.

Ora, no texto acima, é óbvio que eu não afirmei que o apóstolo Paulo veio ao Brasil, literalmente. E é claro que o grande templo ecumênico da Igreja Paz & Amor não é o Grande Templo da Assembleia de Deus! Se o pastor que me acusou — e me xingou! — tivesse lido o contexto, teria entendido que usei de linguagem figurada para me referir ao perigoso evangelho ecumênico, o qual vem encantando a muitos desavisados.

Recentemente, um presbítero (presbítero?) me escreveu para me acusar de fazer uma campanha para comprar um avião, o AeroCiro. Disse ele: “A paz do Senhor, Ciro. Me perdoe [por] não chamá-lo de pastor, pois descobrir [sic] através da oração que você não tem chamada nem sorte neste ministério, agora eu entendo porque que Deus me tirou do Minitério [sic] do Ipiranga antes de te [sic] conhecer
pessoalmente. Tu se vendeu [sic] e agora neste momento és vaso da Ira de Deus. Como pode o senhor está [sic] ao lado do pastor Antonio Gilberto e desonrá-lo desta forma? Em nome de Jesus arrepende-te antes que seja tarde”.

Bem, o que dizer a esse irmão que assina como presbítero fulano de tal da Assembleia de Deus do Ministério do Belém em Birigui, São Paulo? Primeiro, creio que, antes de eu me arrepender, esse “presbítero” precisa ler o texto sobre o AeroCiro de novo, devagar, com calma, observando a figura que ilustra o artigo. Afinal, se esse irmão gosta de usar o título de presbítero, precisa aprender a interpretar um texto em linguagem figurada.

Eu até pensei em encaminhar o e-mail desse “presbítero” aos meus amigos pastores das Assembleias de Deus do Ipiranga e do Belém, em São Paulo. Afinal, eles precisam estar atentos, a fim de, nas próximas consagrações de obreiros ou nos recebimentos de trabalhadores de outros campos, perguntarem aos candidatos se eles sabem distinguir entre linguagem literal e figurada.

Parece que isso é elementar, mas imagine o que esse “presbítero” anda pregando por aí? Como ele entende, por exemplo, Salmos 6.6? Pensa ele que Davi nadava literalmente em suas lágrimas? Acredita que o fígado de Jeremias foi literalmente derramado na terra, quando lê Lamentações 2.11? Pensa ele que Paulo estava querendo ser melhor que Pedro e João quando ironizou os falsos apóstolos: “em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos”, em 2 Coríntios 11.5? Ou acredita que o Diabo é um ser irreal?

Bem, se esse “presbítero” concluiu mesmo que este escritor está em campanha para comprar um avião, ignorando que o texto sobre o AeroCiro é uma crítica bem-humorada aos falsos obreiros e telengadores, tudo é possível...

Diante do exposto, caros escritores, articulistas, editores de blog, pregadores, ensinadores, expoentes, de maneira geral, tomem cuidado, pois assim como a Bíblia sofre na mão dos enganadores, a sua mensagem também pode estar sendo mal-interpretada. Alguém, talvez, já tenha até criado postagens ou gravado vídeos para atacá-los, acusando-os de dizer o que nunca disseram!

CSZ