quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Meu irmão é de uma igreja pseudo-evangélica

Daniele pergunta:

A paz do Senhor, pastor Ciro!

Meu irmão recebeu Jesus numa igreja que se diz evangélica, mas que não prega o evangelho. Ele já foi membro durante muito tempo da Assembléia de Deus; e, depois de ter conhecido a verdade, voltou para a igreja anterior. Ele e sua esposa são os tipos de pessoas que você descreveu num artigo sobre igrejas pseudo-evangélicas: só pensam em ter dinheiro, muitas lojas e mostram a todos que têm status. Meu irmão não aceita doença em crente e diz que, se a pessoa não foi curada, é porque não teve fé suficiente. Eles estão cada vez mais soberbos. Nem tento mostrar-lhes a verdade, pois eles já viveram nela; também não aceitam o que os outros pensam.
Depois que voltaram pra essa igreja, realmente têm crescido financeiramente. Coincidência? Como fica a salvação dessa pessoa que acha que Deus está no seu controle?

Um abraço.

Daniele.

Pastor Ciro responde:

Amada irmã Daniel, a paz do Senhor!

A sua pergunta é muito interessante e digna de constar deste blog, a fim de que outros irmãos sejam avisados quanto aos desvarios da falaciosa teologia da prosperidade. Omiti algumas informações, para que você não tenha problemas com os seus familiares.


Seu irmão aceitou Jesus numa igreja pseudo-cristã. Isso é possível, pois quem salva é o Senhor Jesus, e não uma denominação. É claro que uma pessoa verdadeiramente salva, depois de conhecer a verdade, dificilmente permanecerá em uma igreja que não prega a verdade, a menos que esteja consciente do erro de seus irmãos e queira abrir-lhes os olhos. Quanto à Assembléia de Deus, reconheço que ela não é perfeita, mas as congregações pastoreadas por homens sérios, compromissados com a Palavra, contribuem, e muito, para o crescimento espiritual do crente em Jesus.

Cada crente tem o direito de escolher a sua igreja. Entretanto, a descrição que você fez de seu irmão e sua cunhada me levam a acreditar que eles realmente estão enganados. Você disse que eles só pensam em dinheiro, lojas e status. Ter dinheiro, em si, não é pecado, porém só pensar nisso é avareza, amor sórdido ao dinheiro, isto é, um tipo de idolatria (Ef 5.5; 1 Tm 6.9,10). A Palavra de Deus chama os avarentos de falsos irmãos (1 Co 5.11; Ap 3.18-20).

Você também afirmou que o seu irmão não aceita doença em crente; mas a argumentação dele de que a pessoa que não foi curada ainda não teve fé suficiente também não resiste a uma análise bíblica. Que Jesus cura não há dúvida, pois Ele levou sobre si todas as nossas enfermidades (Is 53; Mt 8). Por outro lado, quem somos nós para dizer: “Eu não aceito a enfermidade”? E, se o Senhor quiser nos provar, permitindo que fiquemos enfermos? O livro de Jó mostra que Deus permite que o justo fique enfermo. E o apóstolo Paulo afirmou que nada pode nos separar do amor de Deus, nem a morte (Rm 8.35-39).

O crente, como ser humano, desgasta-se, naturalmente (Sl 90.10; 2 Co 4.16) e pode ficar enfermo sim (leia 1 Timóteo [a epístola toda]). Não existem super-crentes. Até mesmo um famoso missionário, que manda os crentes “determinarem”, não aceitando as enfermidades, um dia desses apareceu magro, abatido na televisão, dizendo que foi obrigado a passar por uma cirurgia nos EUA! Esse missionário é discípulo de Kenneth Hagin, um dos principais propagadores da teologia da prosperidade e da confissão positiva, o qual, apesar de afirmar que nunca ficava doente, morreu há alguns anos!

Fiquei realmente preocupado com a descrição que você fez de seu irmão e sua cunhada, pois, se eles estão cada dia mais soberbos, também estão cada vez mais se distanciando do Senhor, que detesta a soberba (Sl 138.6; 1 Pe 5.6). E o fato de eles prosperarem financeiramente não é prova de que Deus esteja aprovando a maneira de eles agirem. Aliás, isso é até uma ilusão diabólica, levando a pessoa a pensar que o Senhor está com ela por causa do seu progresso financeiro (1 Tm 2.9; 2 Pe 2.3; 2 Co 2.17; Mt 6.19-21).

Para progredir financeiramente não é preciso nem ser crente. Muitos, através do pensamento positivo, mediante boas idéias e muito esforço, têm prosperado no mundo, mesmo não seguindo a Palavra de Deus.
Quanto à sua última pergunta — “Como fica a salvação dessa pessoa que acha que Deus está no seu controle?” —, ela precisa saber que não podemos confiar em nosso próprio coração (Jr 17.9) nem no que dizem as pessoas à nossa volta. É o Espírito Santo quem testifica, dentro de nós, que somos filhos de Deus (Rm 8.16). E, como a Palavra de Deus é a espada do Espírito, o verdadeiro crente permite que Ele aplique as verdades das Escrituras ao seu coração (Ef 6.17; Hb 4.12).

Portanto, um cristão que se preza não segue a seus impulsos ou a ensinamentos de missionários, apóstolos ou pastores que não pregam o evangelho de Cristo com verdade. Antes, examina tudo (At 17.11; 1 Jo 4.1) e retém somente o que é bom (1 Ts 5.21).


Em Cristo,

CSZ