quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Mais sobre orar no monte

Pastor Ismael Andrade disse:

Graça e Paz, pastor Ciro. Gostaria de dizer que todos têm o direito de aceitar ou recusar subir o monte; posso dizer que realmente existe muito exagero por parte dos que vão a esse local. Mas acredito que às vezes um comportamento da natureza extrema ao qual ocorre nos montes não vem a atrapalhar a vida espiritual, desde que essa atitude não venha a tomar o lugar de Deus, pois Deus não divide sua glória com ninguém.

Temos relatos bíblicos que, diante de nossas pessoas, na atualidade poderiam nos chocar, tais como o rei Davi, que despiu-se e dançou diante do seu povo, e foi agradável a Deus; outro maior relato bíblico foi registrado em Atos: todos que foram cheios do poder de Deus andavam como se fossem bêbados, e sabemos que um pessoa bêbada não anda muito certinho, e sim tombando. Acredito que tudo dever ter ordem e uma ética, pois todo profeta está sujeito ao espírito. Se Deus ministrar algo em meu coração, eu posso muito bem falar normalmente, sem gritar, rodar, esbofetear o ar ou até mesmo alguém, para entregar a mensagem.

O sentido de subir ao monte é nada mais nada menos que buscar a Deus em um lugar diferente, podendo ser em uma praia, em uma fazenda, em uma árvore, em uma caverna. É apenas uma atitude espontânea de buscar a Deus. Cada um tem a sua maneira especial e particular de expressar o desejo de buscar a Deus; apenas não devemos mistificar com gestos e ações que não passam apenas de atos carnais. Não posso julgar o que cada um faz, mas posso não aceitar como normal. O Deus todo poderoso é quem vai indicar se são sinceras ou falsas as atitudes nos montes. Eu em particular já fui buscar mais de Deus nos montes e gosto muito disso; as meninices existem de fato, mas a minha atitude diante de Deus é que faz a diferença. Em todo lugar é tempo de buscar mais do Senhor Jesus.

Pastor Ismael Andrade.

Pastor Ciro responde:

Caro pastor Ismael,

Em primeiro lugar, que as bênçãos do Natal sejam derramadas sobre a sua vida. Agradeço-lhe pelas suas considerações, conquanto o irmão esteja um tanto equivocado.

Eu não tenho nada contra orar em montes ou vales, desde que as condições para isso sejam favoráveis. Sou contra o misticismo que ora prevalece no meio evangélico. Creio no poder de Deus, mas a Palavra do Senhor não avaliza o misticismo. E há muito misticismo em torno de orações em montes.

Jesus disse que a sua Casa (na ocasião, o Templo) é Casa de oração e também ensinou que devemos orar em nossa casa, a sós, como vemos nos Evangelhos. Não vemos também a igreja primitiva orando em montes. Leia Atos, principalmente os capítulos 1 a 13, e constatará que todos os cristãos oravam no templo e nas casas, e não em montes.

Por que o Senhor Jesus orou no monte? Porque não havia lugares para Ele ficar a sós com Deus. Era grande a pressão do povo sobre Ele. Só por isso optou por orar no monte. Mas lembre-se de que Jesus também orou no deserto. Por quê? Queria ficar a sós com Deus.

Jesus nunca incentivou a idéia mística que há em torno dos montes. Mas eu me posiciono contra orar em montes ou no meio do mato, ainda, em razão da falta de segurança. Já soube de irmãs que foram violentadas em montes e de irmãos que foram assaltados. E aqui no Rio de Janeiro, há alguns anos, um jovem foi atingido por um raio e morreu. "Ah, foi plano de Deus", alguém dirá. No entanto, a Palavra de Deus afirma que podemos morrer fora do tempo (Ec 7; Ef 6.1-3, etc.).

O irmão citou exemplos isolados, que em nada abonam o costume de orar em montes. Davi dançou ao comemorar uma vitória. Mas isso não significa que podemos fazer o que quisermos hoje, posto que fazemos parte da Igreja neotestamentária, cujo culto coletivo tem sim princípios que o regem (1 Co 12 a 14, etc). Ademais, o gesto do rei Davi foi patriótico. Ele jamais dançou na casa de Deus. Inclusive, junto com Asafe, estabeleceu o culto coletivo, na época, e não pôs dançarinos ou coreógrafos na Casa de Deus ou em reuniãos solenes.

Quanto à sua interpretação de Atos 2, com todo o respeito, ela é para lá de exagerada, pois o povo de Deus foi tido como embriagado devido às línguas estranhas pronunciadas, e não em razão de andarem cambaleantes ou coisa parecida. A Palavra de Deus é clara quanto ao culto pentecostal, que deve ter ordem e decência (1 Co 14). Em tempo, eu também já orei em montes e, epecialmente, no Vale da Bênção, em Araçariguama, São Paulo, um lugar agradabilíssimo, seguro e tranqüilo. A minha crítica a orações em montes se dá, portanto, por duas razões: misticismo e insegurança.

Finalmente, o irmão está equivocado ao pensar que não compete nós julgar as atitudes dos irmãos. Não cabe a nós o julgamento calunioso (Mt 7.1,2). Quanto a julgar no sentido de discernir, provar, examinar, tomar posição e refutar, aconselho-o a meditar em João 7.24; 1 João 4.1; 1 Coríntios 14.29; 1 Tessalonicenses 5.21; Atos 17.11; 1 Pedro 4.17; Atos 5; 2 Coríntios 11; 1 Coríntios 5.11; Apocalipse 2 a 3; Salmos 11.3; Isaías 5.20; 1 Coríntios 2.15, etc.

Em Cristo,

CSZ