quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A oração no monte e os gravetos incandescentes

Bruno P. Cunha pergunta...

Estimado pastor Ciro, paz seja com o irmão.
Sou ovelha do Senhor Jesus e do pastor Francisco José da Silva, em Cordovil, RJ. Sou também seu leitor há muito tempo e li um trecho do seu livro mais recente — Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar —, em que o senhor vê com reservas os cultos realizados em montes. Sendo bastante objetivo na minha pergunta, quais são as objeções que o senhor tem em relação a esse costume tão evangélico quanto antigo de “subir o monte”?
Muitíssimo grato.

Pastor Ciro responde:

Prezado Bruno, a paz do Senhor!

Considero um privilégio fazer parte da Assembléia de Deus em Cordovil, que tem como pastor-presidente o amado irmão e amigo Francisco José da Silva, ministério vice-presidido pelo estimado amigo, mestre e pastor Antonio Gilberto.

Meu irmão, quanto a cultos em montes, tenho sim objeções. Não só em relação a montes, pois, em cidades brasileiras desprovidas de montes, o povo ora no meio do mato mesmo! Não sei se você sabe, mas o mormonismo, de Joseph Smith Jr., começou quando esse homem estava orando no meio do mato! Um anjo chamado Morôni se apresentou e... Bem, lugares assim costumam reunir pessoas voltadas ao misticismo, desprovidas de discernimento espiritual, sendo presas fáceis de espíritos enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm 4.1; Gl 1.8).

Como já freqüentei lugares assim, quando era novo convertido, falo com conhecimento de causa. Aliás, justiça seja feita, existe em São Paulo, na cidade de Araçariguama, há cinqüenta quilômetros da capital, um lugar chamado Vale da Bênção, que, quando eu puder, volto lá para buscar a Deus, haja vista tratar-se de um local seguro. Eis aqui uma das minhas objeções a oração no monte: falta de segurança.

O irmão sabia que algumas irmãs já foram violentadas em certos montes? Sabia que alguns irmãos já foram assaltados? Em São Paulo, na Serra da Cantareira, irmãos foram atacados, há algum tempo, por um grupo de macacos! Isso mesmo. Lembra-se daquele jovem que morreu, no Rio de Janeiro, há alguns anos, vítima de um raio? Se ele estivesse orando dentro do templo ou em casa, como Jesus ensinou, a tragédia não teria acontecido.

Por que orar no monte? Muitos afirmam que ficam mais perto do Senhor; outros dizem ver gravetos pegando fogo... Ora, na escuridão de uma mata ocorre esse fenômeno natural, que é mais ou menos como aquela miragem que vemos na estrada. Experimente subir ao monte de dia para ver o graveto luminoso ou incandescente... O irmão conhece alguém que já viu um graveto pegando fogo durante o dia? Eu mesmo já fiz o teste. E, como somos espirituais — e os espirituais discernem bem tudo (1 Co 2.15) —, não podemos confundir fenômenos naturais com manifestações divinas sobrenaturais.

Moisés esteve na presença do Senhor no monte, que fumegava enquanto ele com Deus falava, como lemos em Êxodo 19. Isso sim é sobrenaturalidade! Jesus orava no monte também. E, na Transfiguração (e somente nesse caso), houve uma manifestação sobrenatural (Mt 17.1-13), embora nada comparável a supostos gravetos incandescentes...

Por outro lado, quais dos apóstolos oravam no monte? Para onde Pedro e João estavam indo, na hora da oração? Ao templo (At 3.1). Onde Pedro estava orando quando o Senhor lhe deu uma visão acerca da evangelização dos gentios? No terraço de uma casa (At 10.9). Nota-se que já nos tempos da igreja primitiva não se orava em montes.

Mas, por que o Senhor Jesus orava no monte? Porque queria ficar a sós com o Pai (Mt 14.23; Lc 9.18), e isso não seria possível na casa de alguém, devido ao assédio do povo, nem nas sinagogas, onde Ele era persona non grata (Lc 6.12; 22.44). Observe, porém, que Ele também orava em lugares desertos, não necessariamente em montes (Lc 5.16). E que não realizava cultos em lugares assim; Ele apenas fazia isso para ficar a sós com o Pai.

Jesus orava nos montes e lugares desertos porque não havia na época templos como os de hoje. Mas Ele foi claro, ao dizer: “A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21.13). E também afirmou: “... quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai...” (Mt 6.6).

Não chega a ser uma heresia orar em montes, vales ou no meio do mato. Mas, se não houver segurança, fazer isso é tentar ao Senhor. O crente que tem comunhão com Deus sabe que o Senhor ouve a sua oração no templo, em casa e em qualquer lugar (Mt 18.20; 1 Tm 2.8). Se houver um monte seguro, que não ponha em risco a integridade física dos freqüentadores, não vejo problema em freqüentá-lo. Agora, essa história de que os gravetos pegam fogo em cima do monte é misticismo puro!

Em Cristo,

CSZ