terça-feira, 10 de maio de 2016

Resposta a uma mulher aflita que perdeu seu bebê


“Querido pastor Ciro,


Entendo sua dor, pois estou vivendo uma situação horrível, pela perda do meu filho. Espero que logo seu pai se recupere. Acompanho seu blog há muito tempo e estou vivendo um momento muito difícil na minha vida agora. Estava grávida de gêmeos, e um deles, com seis dias de nascido, Deus o levou...


Estou em depressão e revoltada com Deus... Para desabafar, e como gosto de escrever, estou escrevendo no meu blog. Por favor, visite-o para ver como tenho vivido e, por favor, não me julgue. Estou fraca, não perdi a fé em Deus, continuo amando-o, mas estou muito decepcionada... Ele sempre foi meu Amigo e Pai, e quando mais precisei não apareceu...


Eu preciso de uma ajuda sua pra esclarecer umas dúvidas. Todos ficam me dizendo que agora meu filho é um anjo, que está lá no céu com Deus, que cuida de nós... Confesso que nesse momento não acredito em nada disso e gostaria de saber da verdade de acordo com a Bíblia. Não quero viver der ilusões. Preciso de respostas verdadeiras para tentar segui-las.


Os bebes viram anjos e vivem lá com Deus? Onde estão só bebês? Onde está o meu bebê agora? Por favor me responda o mais rápido possível... Não aguento mais essas teorias cheias de ilusões... Visite meu blog para entender as minhas “loucuras”. Por favor, não se assuste... Estou sofrendo muito... Estou em grande depressão... Depois da sua resposta, pretendo fazer um post sobre esse assunto.


Um forte abraço e obrigada.”


Cássia Cohen


MINHA RESPOSTA:


Querida Cássia, a paz do Senhor.


Em primeiro lugar, minha família e eu lhe somos gratos pelas orações. Meu pai permanece internado e se alimenta através de uma sonda, mas estamos confiando no Senhor Jesus, que está no controle de todas as coisas. Agradeço-lhe também por ser uma leitora do Blog do Ciro.


Receba as minhas condolências pela partida do seu querido Oliver (o nome dele não aparece no comentário que a irmã me enviou, mas já acessei seu blog, a fim de conhecer melhor a sua história). Não pensei muito para começar esta minha resposta. Apenas
orei a Deus e lhe pedi sabedoria e graça para dar a você, na medida em que for escrevendo, não a resposta que gostaria de receber, e sim a que precisa receber.


Suas dúvidas, revoltas e angústias são legítimas e compreensíveis. Você afirmou que está fraca, mas não perdeu a fé em Deus e continua amando-o. Lembrei-me imediatamente de
1 Coríntios 13.13: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. Vejo, nas suas perguntas, que há fé em seu amoroso coração de mãe. E você tem esperança de, um dia, rever Oliver, em outra dimensão. Por isso, vou começar respondendo às suas indagações.


Pessoas costumam dizer que os salvos em Cristo que partiram para a eternidade são anjos. Na verdade, o Senhor Jesus ensinou que
“na ressurreição [...], serão como os anjos no céu” (Mt 22.30). Ou seja, quando Ele voltar para buscar o seu povo, no Arrebatamento da Igreja, os mortos em Cristo ressuscitarão (1 Ts 4.16,17) e todos os salvos terão os seus corpos transformados, “conforme o seu corpo glorioso [o de Cristo Jesus], segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3.19,20). Quando tivermos nossos corpos transformados, seremos como anjos, isto é, não mais sujeitos às leis da natureza. Teremos um corpo similar ao de Jesus, em sua ressurreição.


Mas, se teremos corpos glorificados e seremos como anjos somente no Arrebatamento da Igreja, qual é a condição dos salvos em Cristo que partiram para a eternidade? Onde está Oliver neste momento? O ser humano é tripartido, isto é, formado por espírito, alma e corpo
(1 Ts 5.23). O corpinho de Oliver foi sepultado, mas aquilo que o vivificava, o “homem interior” (espírito+alma), está com o Senhor, no Paraíso (2 Co 12.1-4).


O Paraíso é um lugar de gozo, mas é temporário, haja vista o salvo ali ainda não estar no seu estado de glorificação plena (espírito+alma+corpo), o que só acontecerá por ocasião da ressurreição
(1 Co 15). Mas, mesmo nesse estado intermediário, o salvo em Cristo é consolado pelo Senhor (Lc 16.19-31; Ap 6.9-11).


Você poderá perguntar: “Como posso ter a certeza de que o meu bebê está no Paraíso?” Descanse no Senhor. Ele garantiu que as crianças que morrem antes de atingir a idade da razão estão salvas:
“E Jesus, chamando uma criança, a pôs no meio deles e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus” (Mt 18.2,3).


Há teólogos afirmando que recém-nascidos poderão ser condenados por causa do pecado original, que passou a todos os homens
(Rm 5.12). Outros têm dito que Deus, em sua presciência (atributo exclusivo da deidade pelo qual o Deus trino conhece antecipadamente todas as coisas), condenou recém-nascidos ao Inferno, haja vista saber de antemão que eles não se salvariam ao chegarem à idade da razão. Não acredite nessas teorias! Acredite nas palavras do Senhor Jesus!


Uma condenação justa, baseada no pecado original, só se justifica depois de o pecador tomar conhecimento de que nasceu em pecado
(Sl 51.5; Rm 3.23). Isso não se aplica a um infante que morre ao nascer. Deus é justo e julga a todos com retidão (Gn 18.25; Rm 3.5; 2 Tm 4.8). No Juízo Final, os réus serão condenados de acordo com as suas obras (Ap 20.12,13; 21.8). Que obras más fez um recém-nascido? Aliás, em Marcos 16.16, está escrito: “quem não crer será condenado”. Como um recém-nascido seria condenado, uma vez que morreu antes de alcançar a maturidade necessária para crer?


Creia nas palavras do Senhor Jesus. Ele ensinou que, para entrar no Reino de Deus, é preciso ser como uma criança. E, se as crianças foram tomadas por Ele como exemplo de quem entrará no Reino de Deus, logo todas elas, em sua fase da inocência, têm a garantia do Senhor Jesus de que estão salvas:
“dos tais é o Reino dos céus” (Mt 19.14). Oliver está com o Senhor Jesus, salvo, protegido, aguardando o grande Dia do Arrebatamento! Quanto a você, embora esteja aflita, por ter perdido o seu bebê, saiba que sua vida também está nas mãos do Todo-Poderoso.


Tenho aprendido, querida Cássia, a glorificar a Deus por todas as coisas que acontecem, ainda que não entenda algumas delas. Já enfrentei grandes dificuldades. E aprendi que a vida na terra, mesmo para o cristão, não dispensa o sofrimento. Em momentos de angústia, gosto de me lembrar de
2 Coríntios 4.16: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”.


Todos passamos por momentos de fraqueza e perguntamos: “Onde estava Deus? Por que Ele não impediu que o mal acontecesse?” Já fiz muito essa pergunta, no meu coração. Você se lembra de que o apóstolo Paulo pediu por três vezes que o Amigo e Pai lhe tirasse uma aflição, e aparentemente não houve resposta alguma? Mas ele não desistiu e recebeu, no momento certo,
a resposta que precisava ouvir, e não a desejava ouvir: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9a).


Deus não tirou de Paulo o “espinho” que tanto o afligia. E ele podia ter ficado revoltado com essa atitude do Senhor. Entretanto, aquele apóstolo entendeu que a vida do cristão na terra não é livre de sofrimento. Ele precisa contar com a graça consoladora e fortalecedora do Senhor. E, ao aprender isso, Paulo passou a agir com resignação:
“De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2 Co 12.9b).


É natural que priorizemos o lado negativo, nos momentos de provação. Mas, se Deus tivesse levado seus dois bebês, querida Cássia, mesmo assim você teria razões para glorificá-lo. Ele, que é soberano, lhe deu duas flores, Oliver e Christopher, e recolheu uma delas para o seu jardim, deixando outra aos seus cuidados. Por mais difícil que lhe seja aceitar isso, é preciso glorificar a Deus e ser-lhe grata por lhe ter dado Christopher.


O Senhor muitas vezes não permite que passemos pela angústia. Mas Ele também, assim como aconteceu com o apóstolo Paulo, nos livra na — e durante a — angústia. O que está escrito em
Salmos 46.1? “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Ele conhece bem a sua estrutura, amada serva do Senhor, e sabe o quanto pode suportar.


Que o Deus de toda a consolação conforte o seu coração. E lembre-se de que, no Arrebatamento da Igreja, estaremos todos juntos: você, Oliver, Christopher, este editor de blog, nossos amigos e parentes salvos em Cristo, etc.
“Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.18).


CSZ

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Ciro Sanches Zibordi