terça-feira, 5 de agosto de 2008

Comunicação com os mortos e reencarnação

Josinaldo Justino pergunta:

Paz e graça, irmão Ciro.

Conheci o seu blog há poucos dias e gostei muito do conteúdo do mesmo. Sou cristão há quase 22 anos, e faz mais de 10 anos que atuo como professor de Escola Dominical. Sirvo ao Senhor na Assembléia de Deus e tenho enfrentado uma grande dificuldade para explicar o texto de Mateus 17.1-9.
A passagem acima diz que os discípulos viram Moisés e Elias! Sobre Elias não há nenhum problema; ele não morreu e foi elevado ao Céu por um redemoinho (2 Rs 2.11). Mas, e Moisés? O próprio Deus declara que morreu (Js.1.2)! O ocorrido não se trata de uma visão, visto que Pedro se prontifica em construir tendas para Moisés, Elias e o Senhor...
Esse texto tem sido um prato cheio para os espíritas, pois alegam que os mortos podem voltar e se comunicar com os vivos, e isso sob a autoridade de Jesus. Não tenho nenhuma dúvida sobre a malignidade das doutrinas espíritas, mas até o dia de hoje não consegui uma explicação plausível. O que o irmão tem a dizer sobre o assunto?

Josinaldo

Pastor Ciro responde:

Prezado Josinaldo,

A paz do Senhor!

Agradeço-lhe pelas palavras de incentivo.

Por que, na Transfiguração, apareceram Moisés com Elias? Porque eles são os principais representantes dos tempos do Antigo Testamento. Moisés, além de profeta, foi o líder de Israel em boa parte de sua jornada, sendo também o representante da Lei, posto que a recebeu diretamente do Senhor. Quanto a Elias, trata-se do representante dos profetas, um homem de Deus com muita autoridade.

Quem os trouxe ao nosso mundo, por assim dizer, foi o próprio Filho de Deus, que tem todo o poder e faz o que lhe apraz. Não se trata, nesse caso, de comunicação com os mortos, posto que ao Senhor, que é o Deus dos vivos e o Todo-Poderoso, tudo é possível.

Os exegetas (ou eisegetas) espíritas valem-se de Malaquias 4.5, uma profecia que se cumpriu parcialmente no período neotestamentário — pela qual Jesus disse: “... todos os profetas e a lei profetizaram até João [Batista]. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir” (Mt 11.13,14) —, para afirmar que João Batista teria sido a reencarnação de Elias. Mas este foi levado ao Céu, sem passar pela morte, como o irmão mencionou (2 Rs 2.11). Como o seu espírito poderia reencarnar, haja vista não ter desencarnado?

Quando Jesus afirmou que João Batista era o Elias que haveria de vir, estava apenas enfatizando a semelhança dos ministérios proféticos de ambos, conforme se lê em Lucas 1.17: “e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”. Em outras palavras, Deus deu a João a autoridade espiritual de Elias.

Já que os espíritas querem interpretar o ocorrido fora de contexto para defender a falaciosa comunicação com os mortos, têm eles também de aceitar que quem apareceu na Transfiguração foi Elias, e não João Batista! Ora, como
aquele teria reencarnado em João Batista sem ter morrido? Nesse caso, a mesma passagem que eles usam forçosamente em prol da comunicação com os mortos refuta a falaciosa doutrina da reencarnação! Segue-se que os dois representantes do Antigo Testamento foram convocados por Deus, a fim de que conversassem com o Senhor Jesus acerca de sua obra vicária (Lc 9.28-31). Foi isso o que aconteceu.

Quanto ao fato de que a Palavra de Deus condena a comunicação com os mortos — que na verdade é uma comunicação com demônios que se passam por espíritos de pessoas falecidas —, considero o seguinte: a Bíblia Sagrada condena a suposta comunicação com os mortos de modo contundente. Vemos isso, por exemplo, em 1 Samuel 28.

Ali, o rei Saul, depois de perder a comunhão com Deus, pensou que conversaria com o profeta Samuel. Os espíritas kardecistas também usam, equivocadamente, esse episódio para dar fundamentação bíblica à falaciosa doutrina da comunicação com os mortos. Mas jamais Samuel voltaria para falar com alguém, principalmente com Saul, a quem o Senhor rejeitara: “... o SENHOR lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas” (1 Sm 28.6).

Há muitas provas de que quem falou com Saul não foi o profeta Samuel. Primeiro, porque a Bíblia não diz que foi Samuel quem lhe apareceu, mas que Saul entendeu que era ele (1 Sm 28.14). Aquele suposto Samuel mentiu, ao dizer que, no dia seguinte, o rei e todos os seus filhos seriam mortos (1 Sm 28.19). Quando em vida, o profeta Samuel foi um homem íntegro (1 Sm 3.19). Mentiria depois de morto?

Mas a maior evidência de que aquele que falou com Saul não passava de um agente de Satanás é que uma das razões pela qual o rei morreu foi a sua decisão de consultar uma feiticeira-médium: “... morreu Saul (...) também porque buscou a adivinhadora para a consultar” (1 Cr 10.13). Portanto, biblicamente, não existe a mínima possibilidade de comunicação dos vivos com os mortos, pois “está posto um grande abismo” entre eles (Lc 16.26; 2 Sm 12.23).

Em Cristo,

CSZ