sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

É pecado fazer tatuagem?

Rafael Gomes pergunta:

A paz do Senhor Jesus, pastor Ciro. Tenho 23 anos e sou da Assembléia de Deus em Madureira-RJ. Assisti ao programa Clip Gospel da Igreja Renascer e fiquei completamente revoltado, triste, aborrecido, sem palavras... O apresentador fez uma tatuagem ao vivo e ainda disse que é bíblico. Ele tatuou a sarça que Moisés viu no deserto e apoiou os jovens a fazer o mesmo. Quero muito que o senhor comente sobre isso.

Pastor Ciro responde:

Prezado Rafael, a paz do Senhor.

Em nossos dias há um grupo de evangélicos que não têm a Bíblia de fato como lâmpada para os seus pés e luz para o seu caminho (Sl 119.105). Alguns dizem ter a marca da promessa; outros afirmam que crente que tem promessa não morre; e outros gostam da caixinha de promessas. Enfim, vivem em função das promessas! Não descobriram que a Bíblia não é apenas um Livro de promessas; ignoram os seus mandamentos e princípios.

A bem da verdade, alguns grupos ditos evangélicos até dizem seguir aos mandamentos da Palavra de Deus. Mas ignoram por completo os princípios bíblicos. E estes são fundamentais para responder a perguntas difíceis como a sua. Aliás, muitos jovens já me perguntaram se o crente pode usar tatuagem. E eu lhes repondi: “Pode!” Mas, antes que falassem mais alguma coisa, acrescentei: “O crente deve fazer tatuagem?”

É claro que não encontramos na Bíblia um mandamento do tipo “Não farás tatuagem”. É é isso que os crentes liberalistas abraçam. “Já que não há mandamento contrário à tatuagem, então podemos tatuar livremente o nosso corpo”, afirmam. Que engano! Eles ignoram por completo o fato de que a Palavra de Deus contém princípios, pelos quais o Senhor controla todo o nosso viver. E os princípios, diferentemente dos mandamentos, são gerais. Não há especificidades neles, mas por meio deles sabemos se a tatuagem, por exemplo, combina ou não com a vida cristã.

Há muitos princípios na Palavra de Deus. O livro de Provérbios apresenta vários. E em cada livro da Bíblia eles estão entremeados a mandamentos e promessas (e às vezes embutidos neles). Somente um crente desejoso de andar segundo a Bíblia se dá ao trabalho de encontrá-los e passar a segui-los no dia-a-dia. Quer exemplos? Leia Lucas 9.23; Romanos 12.1,2; 1 João 2.15-17; 1 Coríntios 6.12; 10.23,31; Filipenses 4.8; 1 Tessalonicenses 5.22; e Hebreus12.1.

Em que os princípios contidos nas passagens acima se relacionam com a pergunta em apreço? Primeiro, ser cristão implica renúncia ao “eu”, à própria vontade. Quem segue a Cristo deve ou não abandonar efemeridades como tatuagem, piercing, etc.? Segundo, vida cristã implica não amar o mundo nem o que nele há, tampouco conformar-se com a sua filosofia. E “mundo” aqui denota “o modo de viver das pessoas ímpias” ou “o sistema dominado por Satanás”. A tatuagem é própria desse mundo que tem o Diabo como príncipe.

Terceiro, temos livre-arbítrio, pois todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas nos convêm ou edificam. Nesse caso, eu posso, mas não devo fazer tatuagem. Quarto, tudo o que fazemos deve glorificar a Deus. Como pretendo fazer isso tatuando o meu corpo? Qual é a fama da tatuagem? Confronte-a com o princípio contido em Filipenses 4.8, de que devemos atentar para o que é de boa fama. Diante dos princípios da Palavra de Deus já mencionados, não há dúvida de que a tatuagem não combina com a vida cristã, ainda que não haja um mandamento expresso condenando-a.

Quinto, é impossível glorificar a Deus por meio de tatuagens, pois não devemos apenas evitar o pecado. O princípio contido em 1 Tessalonicenses 5.22 mostra que devemos evitar também a aparência do mal. E existem pecados e embaraços, como vemos em Hebreus 12.1. E estes podem se tornar piores do que pecados expressos mediante mandamentos. Alguém insistirá em dizer que não há mandamento quanto à tatuagem... De fato, mas para que servem os princípios?

Não há mandamentos sobre pecados novos. (É claro que a tatuagem já existe há muito tempo, mas não como é usada nesses tempos pós-modernos.) O Tentador é criativo. Já pensou se a Bíblia tivesse mandamentos expressos para todos os tipos de pecados? A Bíblia seria muito maior. Daí Paulo valer-se, em Gálatas 5.21, da expressão “e coisas semelhantes a estas”. Mas não há dúvida, à luz dos princípios da Palavra de Deus, que o Senhor não se agrada de pecados como fazer tatuagem, “ficar”, comprar CD e DVD
“pirata”, fazer down-load de livro sem a permissão do autor e da editora, prática comum na Internet...

Que Deus o abençoe!

CSZ

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Quais são as doutrinas da salvação?

Um calvinista pergunta:

Pastor Ciro, a paz do Senhor. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. O senhor poderia me mostrar quais são as vinte doutrinas da salvação? Não precisa explicá-las; apenas enumere-as, não só para mim, mas para outros irmãos que podem ter ficado curiosos em conhecê-las.

Pastor Ciro responde:

As (pelo menos) vinte doutrinas da salvação são as seguintes:
1) A doutrina do pecado (Rm 3.23; 5.12,20), pois o pecado é a causa da perdição da humanidade.
2) A doutrina da graça de Deus (Tt 2.11; 3.4), haja vista ser a graça a salvação quanto ao seu alcance.
3) A doutrina da expiação pelo sangue (Lv 17.11), uma vez que a expiação implica salvação quanto ao pecado.
4) A doutrina da redenção (Ef 1.7), que trata da salvação quanto ao pecador.
5) A doutrina da propiciação (Êx 32.30), que enfatiza a salvação como um ato benevolente de Deus.
6) A doutrina da fé salvífica (Ef 2.8), que trata do meio requerido por Deus para salvar o homem.
7) A doutrina do arrependimento (Mc 1.14,15), que está intimamente ligada à doutrina da fé salvífica.
8) A doutrina da confissão (Rm 10.9,10).
9) A doutrina do perdão dos pecados (Cl 3.13).
10) A doutrina da regeneração espiritual (1 Pe 1.3; Tt 3.5), que aborda o que ocorre dentro do pecador ao receber de Deus a salvação.
11) A doutrina da imputação da justiça de Deus (Gn 15.6; Rm 4.2-11; 5.13; 2 Co 5.19; Fm v.18; Tg 2.23).
12) A doutrina da adoção de filhos (Gl 4.5,6).
13) A doutrina da santificação do crente (1 Co 6.11; 2 Co 7.1), isto é, a santificação posicional, “em Cristo”, e também a progressiva, no tempo presente.
14) A doutrina da presciência de Deus (1 Pe 1.2).
15) A doutrina da eleição divina (1 Pe 1.2).
16) A doutrina da predestinação (Rm 8.29).
17) A doutrina da chamada para a salvação (Rm 8.30).
18) A doutrina da justificação pela fé (Rm 8.30), haja vista ser a justificação a nossa salvação vista na presença de Deus.
19) A doutrina do julgamento do crente (2 Co 5.10; Rm 14.10), também, e principalmente, relacionada com a Escatologia.
20) As doutrinas da glorificação dos salvos (Rm 8.30) e da salvação nas eras divinas futuras (Ef 2.7; 1 Tm 1.17; Jo 1.29).

Em Cristo,

CSZ

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Crente assembleiano confuso quanto às línguas estranhas

Rafhael pergunta:

Vendo o senhor dando uma explicação no seu blog sobre sintomas do batismo no Espírito Santo, afirmo que não está à luz da Bíblia. Primeiro, Paulo faz uma pergunta irônica, em 1 Coríntios 12.30. Aqui ele mostra que nem todos falam línguas. E, no dia de Pentecostes, foram línguas idiomáticas.

Segundo, Paulo falou que nem todos falam línguas, então Deus escolheria batizar uns e outros não no Espírito Santo. A Bíblia fala que todos nós somos batizados em um só Espirito (1 Co 12.13). Pastor, desprenda-se das coisas da Assembléia de Deus. Sei que o Senhor não pode ir contra a doutrina assembleiana; eu sou da Assembléia, mas prefiro defender a Bíblia. Paz de Cristo para o Senhor.

Pastor Ciro responde:

Prezado Raphael, a paz do Senhor.

Em primeiro lugar, tenho um conselho a lhe dar: nunca fale sobre o que não conhece, pois o seu texto mostra o quanto se arrisca em um campo que desconhece. O irmão precisa, antes de tudo, conhecer a doutrina acerca da manifestação multiforme do Espírito Santo. Precisa, ainda, melhorar o seu texto, que, com toda a sinceridade, está sofrível. Se eu não o tivesse corrigido, seria praticamente impossível compreendê-lo. Falo isso para ajudá-lo, pois, se realmente quer argumentar sobre as doutrinas bíblicas em alto nível, primeiro precisa aprender a escrever de maneira minimamente inteligível, deixando de lado vícios adolescentes como “naum”, “vc”, “intao”, “mim respondeu” e principalmente os erros de concordância.

O irmão pode mesmo sustentar o que disse, biblicamente? Tem certeza de que a doutrina acerca do batismo com o Espírito Santo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, é antibíblica? Pode afirmar peremptoriamente que não existe o dom de variedade de línguas? Afinal, o irmão empregou 1 Coríntios 12.30 para defender as suas idéias, ignorando que três capítulos inteiros (1 Coríntios 12 a 14) tratam do assunto! Tenha cuidado, meu amado; a sua argumentação não resiste às Escrituras.

Segundo a Palavra de Deus, falar em línguas, antes de tudo, é um modo de dirigir-se a Deus, sobrenaturalmente (1 Co 14.2). E todos os crentes podem buscar esse dom, que está atrelado sim ao batismo com o Espírito Santo, um revestimento de poder para quem já é salvo (Lc 24.49; At 1.8). Mas o crente batizado com o Espírito pode também ser agraciado com o dom de variedade de línguas, pelo qual (em conexão com o dom de interpretação de línguas) pode-se transmitir mensagens da parte de Deus para a igreja (1 Co 14.5). As línguas estranhas fazem parte do culto, posto que sequer podem ser proibidas (1 Co 14.37-40; 1 Ts 5.19).

O irmão sugeriu que as línguas faladas, no dia de Pentecostes, foram idiomas aprendidos. Com base em que chegou a essa conclusão? Leia Atos 2.1-4 e veja que os crentes falavam conforme o Espírito lhes concendia que falassem. Ainda que os representantes de nações entenderam as línguas, os emissores não as conheciam. Ademais, o apóstolo Pedro, no mesmo capítulo, explica que o que estava acontecendo era o cumprimento da promessa registrada em Joel 2.28,29, que alude ao derramamento do Espírito Santo.

Segundo a Palavra de Deus, em 1 Coríntios 14, para interpretar as línguas (numa alusão ao dom de variedade de línguas), é preciso orar, haja vista serem elas sobrenaturais, e não idiomas aprendidos (v.13). Quem sabe inglês, por exemplo, não precisa orar para interpretar uma pessoa que fala nesse idioma, não é mesmo?

Quando o apóstolo Paulo disse que nem todos falam línguas, não se referiu ao batismo com o Espírito, e sim ao dom de variedade de línguas, distinção que o irmão desconhece. Aprofunde-se no assunto, pois, em razão de sua dificuldade de compreensão, não poderei avançar em minhas considerações. Mas escrevi o que escrevi para que o irmão e outros que pensem da mesma forma sejam estimulados a estudar mais antes de quererem discorrer sobre o que desconhecem.

Outrossim, não confunda o batismo com o Espírito Santo (que é um revestimento de poder para quem já é salvo) com o batismo realizado pelo Espírito no momento da conversão, ao “mergulhar” o novo crente no Corpo de Cristo, a Igreja (1 Co 12.13). Insisto: o irmão precisa estudar mais, em meditação, a Palavra de Deus, antes de tirar conclusões precipitadas.

Portanto, como se vê, não sou eu quem tenho de me despreender do assembleianismo, e sim o irmão quem deve abandonar o falacioso cessacionismo. Aliás, pela sua argumentação, vejo que o irmão, se é mesmo assembleiano, é apenas nominal, haja vista não ter entendido nada do que significa o pentecostalismo clássico e bíblico. Mas não me tenha mal pela sinceridade.

Em Cristo,

CSZ