Antonio Maia pergunta:
Graça e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo, pastor Ciro. Gostaria de uma explicação sobre a passagem de Isaías 28.10-13, principalmente sobre o versículo 13, em que se menciona uma situação de CAIR PARA TRÁS. Essa não seria uma profecia que poderia se cumprir, como a do falar em línguas, mencionado no versículo 11? Qual o contexto? A quem se aplica? No aguardo de sua resposta. Seja abençoado pela prática da Palavra, em nome de Jesus.
Pastor Ciro responde:
Caro irmão Antonio Maia, que a paz e a graça do Senhor Jesus sejam derramadas a cada dia sobre a sua vida! O versículo 13 da passagem supracitada não abona o que chamam hoje de “cair no poder” ou “cair no Espírito”. O falar em línguas, mencionado no versículo 11, refere-se ao seguinte (originalmente), à luz do contexto: caso os incrédulos e escarnecedores não aprendessem a lição, prestando atenção à mensagem simples na sua própria língua, Deus usaria um povo de uma outra língua para ensiná-los, numa referência aos assírios.
Quanto ao “cair para trás”, o profeta Isaías disse, da parte de Deus, que a sua Palavra continuaria sendo uma mensagem simples, cumprida pelos assírios. Ou seja, a mensagem apenas endureceria o coração daqueles que a rejeitassem, a ponto de eles continuarem com os seus planos. Mas, no futuro, eles faliriam nos seus propósitos e seriam derrotados, apanhados em armadilha e capturados. É esse o sentido do “cair para trás”. Este, por conseguinte, é muito diferente do “cair de poder” que vem sendo aplicado em alguns cultos ditos pentecostais.
Aproveitando a sua pergunta, reitero quer o “cair no poder” e manifestações afins não se coadunam com os princípios e mandamentos contidos em 1 Coríntios 14. Não edificam (v.12); contrapõem-se ao uso da razão, necessário num culto genuinamente pentecostal (vv.15,20,32); levam os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23); e promovem desordem generalizada (vv.26-28,40).
Muitos defensores dessas manifestações dizem que estão na liberdade do Espírito (cf. Gl 5.13), porém a Bíblia não avaliza toda e qualquer manifestação. No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento, discernimento, análise, exame (1 Co 14.29,33,37). O “cair no poder”, a “unção do riso” e outros “moveres” não têm apoio das Escrituras e não podem ser equiparados, por exemplo, ao batismo com o Espírito Santo (com a evidência inicial de falar em outras línguas), o qual é mencionado com total clareza na Palavra de Deus (Jl 2.28,29; Mc 16.15-20; At 2; 10; 19; 1 Co 12-14, etc.).
Em Lucas 4.35, está escrito: “E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal”. O Senhor não arremessa pessoas ao chão mediante sopros “ungidos” e golpes de paletó. Quem gosta de lançar as pessoas ao chão é o Diabo (Mc 9.17-27).
Jesus, o maior Pregador que já andou na terra, e seus apóstolos nunca impuseram as mãos sobre pessoas para levá-las ao chão. Eles jamais sopraram sobre elas ou lançaram parte de suas roupas a fim de derrubá-las (cf. Jo 20.22). O apóstolo João caiu como morto, por não ter suportado a presença real da glória do Cristo ressurreto, mas não perdeu a consciência (Ap 1). Não foi o Senhor Jesus quem o derrubou.
Os neopentecostais e os pentecostais desavisados citam também textos como 2 Crônicas 5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem: “Os sacerdotes não resistiram à glória de Deus e caíram no poder”. Veja o que a Bíblia realmente diz: “E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1 Rs 8.10,11). A frase “não podiam ter-se em pé” denota que os sacerdotes “não puderam permanecer ali” (ARA). Eles não suportaram permanecer no local ministrando!
Em Cristo,
CSZ