quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Destruição do Templo ou Grande Tribulação?

Ariercílio Silva Albergaria pergunta:

Prezado pastor Ciro, tenho acompanhado os seus comentários no Blog do Ciro há algum tempo e tenho aprendido muito. Fico muito feliz por sua defesa aos princípios da Santa Palavra de Deus e combate aos modismos e heresias. Que Deus o abençoe grandemente.

O texto de Mateus 24.15-22 se refere à destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., ou à Grande Tribulação, quando os judeus fugirão do Anticristo? Sei que o texto de Lucas 21.20-24 fala da destruição do Templo e de Jerusalém pelos romanos. Quanto ao texto de Mateus, estou em dúvida.

Pastor Ciro responde:

Prezado Ariercílio, a paz do Senhor!

Agradeço-lhe por apreciar os artigos do Blog do Ciro. Quanto à sua pergunta, é preciso observar que as palavras de Jesus em Mateus 24 respondem a uma tríplice pergunta: “quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (v.3).

A pergunta “quando serão essas coisas?” foi motivada pela profecia de Jesus acerca da destruição do Templo e de Jerusalém, no ano 70 d.C., constante do versículo anterior: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (v.2).
Mas, além de perguntarem acerca da destruição do Templo, os discípulos questionaram o Senhor acerca dos sinais de sua Segunda Vinda e do fim do mundo.

Observar que o Senhor respondeu a uma pergunta tripartida, portanto, é a chave para a interpretação de Mateus 24 e Lucas 21. A partir daí, é preciso estar atento ao texto, a fim de saber a qual dos eventos Ele se refere.
Mateus 24.14, por exemplo, diz respeito à terceira faceta da pergunta: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”. Observe: “então virá o fim”. Muitos hermeneutas, por ignorarem o fato de os discípulos terem feito ao Mestre uma tríplice pergunta, dizem que a Segunda Vinda só ocorrerá depois da evangelização mundial. Ora, essa evangelização em massa só ocorrerá mesmo por ocasião do Milênio, que precederá o fim do mundo.

Mateus 24.15-22 é de difícil interpretação, mas fica claro que o Senhor Jesus se refere à Grande Tribulação, posto que o contexto imediato da passagem alude à Vinda do Senhor em poder e grande glória: “Porque, assim como o relâmpago que sai do oriente e se mostra ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem” (v.27).

Não há dúvidas de que, por ocasião da destruição de Jerusalém, no ano 70, houve também aflição. Mas a aflição mencionada no versículo 21 é descrita como a “grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais”. Essa descrição, atrelada à informação a respeito da Revelação do Senhor em poder e grande glória, deixa claro que a passagem em apreço refere-se mesmo à Grande Tribulação.

Para saber mais sobre o assunto, leia a obra Teologia Sistemática Pentecostal, editada pela CPAD, da qual tive a honra de participar escrevendo a unidade Escatologia.

Em Cristo,

CSZ

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Há consciência após a morte? O cristão peca ou não peca?

Fabrício da Silva pergunta:

A paz do Senhor, Pr. Ciro! Li o seu livro Erros que o Pregadores Devem Evitar e fui muito abençoado com os conhecimentos adquiridos. Gostaria que o senhor esclarecesse alguns pontos, pois fiquei em dúvida. 1) A passagem de Eclesiastes 9.5 fala sobre a consciência após a morte. Como o senhor explica o episódio envolvendo rico e Lázaro (Lc 16.19-31)? 2) Em 1 João 3.9 está escrito que o nascido de Deus não comete pecado. Porém, em 1 João 1.8-10, a Palavra diz que, se dissermos que não temos pecado, somos mentirosos. Como o senhor diferencia essas passagens?

Desde já agradeço a sua atenção. Que Deus abençoe o seu ministério.


Pastor Ciro responde:

Caro irmão Fabrício, a paz do Senhor. Agradeço-lhe pelas palavras de incentivo e pela menção honrosa ao meu livro.

O livro de Eclesiastes se propõe a abordar a vida humana na terra do ponto de vista natural. Daí o autor usar sempre as expressões “debaixo do sol” e “debaixo do céu” (1.3; 3.1; 9.6, etc.). No capítulo 9, ele se refere exclusivamente à vida na terra. E, como se ressalta nos versículos 5 e 6, quando o ser humano morre, todos os sentimentos atrelados a essa vida desaparecem. Mas isso não quer dizer que a parte espiritual (o “homem interior” [2 Co 4.16]) seja aniquilada.

No próprio livro de Eclesiastes se distingue a vida humana da vida eterna, enfatizando-se que a morte é a separação entre a parte material (corpo) e a parte espiritual (formada por alma e espírito), como lemos em 12.7: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Isso significa que o corpo fica na terra, e a parte espiritual fica sob o controle de Deus (Mt 10.28).

Em Lucas 16.19-31 e em outras passagens vemos que a alma da pessoa, depois de sua morte, não morre nem dorme, como dizem os defensores da falaciosa doutrina do sono da alma. O texto de Eclesiastes 9.5 faz menção, nesse caso, das coisas desta vida. Mas, em sentido amplo, após a morte, não se perde a consciência, como se depreende também da leitura de Apocalipse 6.9,10.

Quanto à sua dúvida relacionada com 1 João 3.9, a ideia contida no texto original, a qual é respaldada pelos contextos imediato e remoto, é de que a pessoa renascida, que experimentou o novo nascimento (Jo 3.3), não vive na prática do pecado (Rm 8.1-9). Ou seja, ela não se inclina, como antes, às coisas da carne, pois é nova criatura (2 Co 5.17).

O pecador que não conhece a Cristo peca naturalmente. Mas o salvo resiste ao pecado (Hb 12.4). Ele é capacitado pelo Espírito a vencer as obras da carne (Gl 5.16-22). Mas isso não quer dizer que, depois de renascido, não tenha mais o pecado original, herdado de Adão (Rm 5.12), nem que esteja livre de cometer pecados.

Em resumo, temos pecado (o original), como está escrito em 1 João 1.8, podemos praticar pecados (se não vigiarmos), mas não é comum um servo de Deus viver na prática do pecado. Por isso, está escrito que ele não peca, isto é, não vive pecando. Se pecarmos, devemos confessar os nossos pecados a Deus (1 Jo 1.9,10), pois temos um Advogado, Jesus Cristo, o Justo (2.1,2).

CSZ

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Deus habita no meio do louvor?

Ricardo da Silva Machado pergunta:

Pr. Ciro, a paz do Senhor Jesus! A frase “Deus habita no meio do louvor” é um versículo bíblico ou se trata de um clichê?

Pastor Ciro Responde:

Caro irmão Ricardo, a paz do Senhor!

A frase em questão está baseada em Salmos 22.3: “tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel”. Deste versículo depreende-se que o Senhor habita no meio dos louvores. Mas observe que Ele habita entre os louvores, e não no meio dos cantores! Vemos hoje muita cantoria, acompanhada de danças, e pouco ou quase nenhum louvor, como ocorria nos dias de Isaías e Amós (Is 29.13; Am 5.23).

Que verdadeiramente cantemos louvores, provenientes de um coração preparado (Sl 57.7; 108.1), a fim de que o Senhor habite entre nós.

CSZ

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fazer download de livro é crime e pecado

Izaías Lincoln dos Reis pergunta:

Gostaria de saber se você me autoriza o download de seu livro Erros que os Pregadores Devem Evitar e Adolescentes S/A.

Izaias Lincoln dos Reis
Engenheiro Civil

Pastor Ciro responde:

Caro Engenheiro Izaías,

Nada o impede de “baixar” livros inseridos (muitos deles sem autorização de autor e editora) na Internet. Mas o download de qualquer material colocado na grande rede, sem autorização do autor e da editora (ou gravadora), lesa o erário e viola o direito autoral. Isso é pecado (1 Co 6.12; Fp 4.8) e crime, constituindo-se pirataria, posto que o Governo não percebe os impostos. Além disso, a editora e o autor não recebem a devida remuneração.

Agradeço-lhe pelo interesse demonstrado em ler as minhas obras. Mas, se o irmão realmente desejar adquirir os tais livros, eu posso enviar-lhos pelo correio. Veja como fazer isso AQUI
. Creio que a compra dessas obras com desconto privilegiado, diretamente com o autor, não lhe trará grandes problemas financeiros. Se preferir, pode comprar os livros diretamente nas lojas da CPAD.

Em Cristo,

CSZ

terça-feira, 26 de maio de 2009

Em Isaías há uma profecia sobre o “cair no Espírito”?

Antonio Maia pergunta:

Graça e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo, pastor Ciro. Gostaria de uma explicação sobre a passagem de Isaías 28.10-13, principalmente sobre o versículo 13, em que se menciona uma situação de CAIR PARA TRÁS. Essa não seria uma profecia que poderia se cumprir, como a do falar em línguas, mencionado no versículo 11? Qual o contexto? A quem se aplica? No aguardo de sua resposta. Seja abençoado pela prática da Palavra, em nome de Jesus.

Pastor Ciro responde:

Caro irmão Antonio Maia, que a paz e a graça do Senhor Jesus sejam derramadas a cada dia sobre a sua vida! O versículo 13 da passagem supracitada não abona o que chamam hoje de “cair no poder” ou “cair no Espírito”. O falar em línguas, mencionado no versículo 11, refere-se ao seguinte (originalmente), à luz do contexto: caso os incrédulos e escarnecedores não aprendessem a lição, prestando atenção à mensagem simples na sua própria língua, Deus usaria um povo de uma outra língua para ensiná-los, numa referência aos assírios.

Quanto ao “cair para trás”, o profeta Isaías disse, da parte de Deus, que a sua Palavra continuaria sendo uma mensagem simples, cumprida pelos assírios. Ou seja, a mensagem apenas endureceria o coração daqueles que a rejeitassem, a ponto de eles continuarem com os seus planos. Mas, no futuro, eles faliriam nos seus propósitos e seriam derrotados, apanhados em armadilha e capturados. É esse o sentido do “cair para trás”. Este, por conseguinte, é muito diferente do
“cair de poder” que vem sendo aplicado em alguns cultos ditos pentecostais.

Aproveitando a sua pergunta, reitero quer o “cair no poder” e manifestações afins não se coadunam com os princípios e mandamentos contidos em 1 Coríntios 14. Não edificam (v.12); contrapõem-se ao uso da razão, necessário num culto genuinamente pentecostal (vv.15,20,32); levam os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23); e promovem desordem generalizada (vv.26-28,40).

Muitos defensores dessas manifestações dizem que estão na liberdade do Espírito (cf. Gl 5.13), porém a Bíblia não avaliza toda e qualquer manifestação. No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento, discernimento, análise, exame (1 Co 14.29,33,37). O “cair no poder”, a “unção do riso” e outros “moveres” não têm apoio das Escrituras e não podem ser equiparados, por exemplo, ao batismo com o Espírito Santo (com a evidência inicial de falar em outras línguas), o qual é mencionado com total clareza na Palavra de Deus (Jl 2.28,29; Mc 16.15-20; At 2; 10; 19; 1 Co 12-14, etc.).

Em Lucas 4.35, está escrito: “E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal”. O Senhor não arremessa pessoas ao chão mediante sopros “ungidos” e golpes de paletó. Quem gosta de lançar as pessoas ao chão é o Diabo (Mc 9.17-27).

Jesus, o maior Pregador que já andou na terra, e seus apóstolos nunca impuseram as mãos sobre pessoas para levá-las ao chão. Eles jamais sopraram sobre elas ou lançaram parte de suas roupas a fim de derrubá-las (cf. Jo 20.22). O apóstolo João caiu como morto, por não ter suportado a presença real da glória do Cristo ressurreto, mas não perdeu a consciência (Ap 1). Não foi o Senhor Jesus quem o derrubou.

Os neopentecostais e os pentecostais desavisados citam também textos como 2 Crônicas 5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem: “Os sacerdotes não resistiram à glória de Deus e caíram no poder”. Veja o que a Bíblia realmente diz: “E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1 Rs 8.10,11). A frase “não podiam ter-se em pé” denota que os sacerdotes “não puderam permanecer ali” (ARA). Eles não suportaram permanecer no local ministrando!

Em Cristo,

CSZ

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quem está com a razão: o missionário ou o Bom Pastor?

Pastor Paulo Silva pergunta:

Caro pastor, se é que posso dizer isso, pois, ao homem de Deus não convém contender, o senhor precisa buscar na lingua (sic) grega o que segnifica (sic) pedirdes que é aiteó, que significa determinar, exigir, no seu argumento de ataque ao grande homem de Deus missionário R. R. Soares, vc (sic) menciona que na oração falamos com Deus e é verdade, por isso nós começamos a oração assim: Pai em nome de Jesus peço que me dê a honra de usar seu poder e ele disse que quem crê nele fará as mesmas obras, e ai (sic) sim usamos esse entendimento biblico sim para espulsar (sic) os demônios e espulsar (sic) as enfermidades, como o próprio Senhor Jesus o fez.

Lembro-me do jovém (sic) lunático, Jesus não falou com o Pai, simplismente (sic) usou a autoridade que lhe foi dada e disse, espirito (sic) mudo e surdo sai dele, se Jesus disse quem crê fará as mesmas coisas, então faça tb (sic) pastor e seu ministério será tão abençoado como o do Missionário R.R. Soares, que por sua mensagem tem abençoado o Brasil e o mundo diferente do senhor que com sua mensagem prega dúvida no coração dos mais fracos, e o senhor vai prestar conta disso... leia mais e procure saber o significado das palavras traduzidas e assim pregará o verdadeiro evangelho...

Pastor Ciro responde:

Caro pastor Paulo Silva,

Indo direto ao assunto, vejo que o irmão está equivocado. Por quê? De acordo com o verdadeiramente grande Senhor Jesus Cristo, o telemissionário citado erra quando confunde pedir com determinar.

O irmão está falando com uma pessoa que, por graça de Deus, conhece um pouco do texto grego. E o termo original em João 14.13 e passagens correlatas, indubitavelmente, diz respeito à atitude de um suplicante. Além disso, não há fundamentação contextual à tese do missionário. Leia, por exemplo, Jeremias 29.13; 31.9; 33.3; 2 Crônicas 7.14; Efésios 6.18; 1 João 5.14, etc. Todas essas passagens nos ensinam a orar com súplicas, respeitando a vontade de Deus, e não dando ordens ou decretando.

Se o irmão não concordar comigo, observe que praticamente todas as versões da Bíblia, em todo o mundo
, traduzem o termo aiteõ, em João 14.13, para pedir (se houver alguma diferente, eu desconheço). Na King James (KJV), versão inglesa, o termo usado foi ask. E, na espanhola Casiodoro de Reina, empregou-se pidiereis. Consulte também o conceituadíssimo Dicionário Vine, editado pela CPAD.

Quem propagou essa falácia de que aiteõ denota determinar, decretar, exigir foi o senhor Kenneth Hagin e seus discípulos. E o telemissionário acabou embarcando nessa canoa furada... Fique com a Bíblia, meu amado irmão. Siga ao Bom Pastor. Ele, sim, é grande.

Em Cristo,

CSZ

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Escritor deve pedir perdão aos que se sentem ofendidos?


Alguns leitores perguntam:

Pastor Ciro, por que o irmão não pede perdão ao pastor que o xingou de canalha e rasgou o seu livro diante de milhares de pessoas? Por que não põe logo um ponto final nessa polêmica?

Pastor Ciro responde:

Prezados leitores, tenho procurado — em meus blogs, livros e artigos — sempre analisar à luz da Bíblia mensagens, práticas, manifestações, etc. Não ataco pessoas, pois não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas contra o mal (Ef 6.10-12).

Mesmo assim, reconheço que nem todas as pessoas estão preparadas para receber críticas, ainda que indiretas, e podem reagir das mais diversas formas.
Algumas reconhecem os seus erros e até me procuram, como um famoso pregador que, com lágrimas nos olhos, disse: “Pastor Ciro, tudo o que está escrito em seu livro Erros que os Pregadores Devem Evitar eu vinha praticando, mas Deus falou ao meu coração, e partir de agora tudo será diferente”.

Outras pessoas não reconhecem o erro, mas permanecem em silêncio; ou seja, simplesmente ignoram a crítica. Outras também não reconhecem o erro, mas tentam se aproximar de mim, a fim de se tornarem amigas, pensando que, com isso, eu deixarei de condenar os erros que elas cometem. É claro que eu não nego amizade a ninguém, porém, como não combato pessoas, e sim heresias e modismos, não é por causa de uma amizade que eu deixarei de cumprir o ministério que Deus me outorgou.

Mas há outras que, revoltadas, optam por me xingar, me ameaçar, rasgar meus livros
— na verdade, eu só conheço uma pessoa que fez isso —, demonstrando total insegurança, pois, se são verdadeiramente chamadas por Deus e estão certas, não é este expoente que impedirá a obra que Deus supostamente realiza por meio delas, não é mesmo?

Há também a turma do deixa-disso, que vive dizendo: “Pastor Ciro, por que o irmão não conversa com o fulano, em vez de escrever sobre os erros dele? Por que vocês não se acertam?” Ora, quem me pede isso é porque sequer entendeu quais são as minhas motivações. Se não escrevo para atingir pessoas, e sim para combater o erro, logo tenho plena convicção de que não ofendi a ninguém. Mas o problema é que as tais pessoas ficam indignadas por terem vestido a famigerada carapuça.

Não nego, repito, amizade a ninguém que seja sincero, mas
amigo diz a verdade. Eu tenho amigos que não concordam com uma parte do que eu escrevo, porém eu continuo denunciando à luz da Palavra de Deus os seus erros, ainda que eles continuem pensando que estão certos. Não estou contra eles, propriamente. Nem eles estão contra mim em razão de não concordarem comigo. Não obstante, há também aqueles que cometem erros tão graves, a ponto de ser impossível uma aproximação entre nós. É nesse grupo que se encontra o expoente que me xingou e rasgou meus livros.

Agradeço os amados leitores que me pedem para me reconciliar com o tal pregador, pedindo perdão a ele. Mas, a despeito de isso ser possível, caso haja disposição de ambas as partes, continuaremos em lados opostos. O tal encontro não mudaria os nossos ideais. Por quê? Porque a minha questão não é com ele. Nem a dele comigo! É com o Deus da Palavra que temos de tratar.

Portanto, a
despeito de a pergunta em pauta sugerir que haja pendências pessoais entre mim e outro expoente, isso não procede, pelo menos de minha parte. Nunca escrevi para agradar ou atacar pessoas. Eu posso conversar com o tal expoente, um dia, podemos ter um diálogo saudável, mas eu continuarei contrário ao que ele prega, a menos que ele mude. Por outro lado, ele poderá continuar pensando que está certo e que eu estou errado. Não estamos diante de um problema pessoal. As minhas motivações e as dele são distintas. Quanto a mim, tenho convicção de que sou
movido por amor ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus.

Em Cristo,

CSZ

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O título “rosa de Sarom” aplica-se a Jesus?

Josedson Santos pergunta:

Pastor Ciro Zibordi, tenho seus livros Erros que os Pregadores Devem Evitar e Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria. Admiro seu conhecimento e aproveito para parabenizá-lo. Ouvi certo pregador dizer que o título “rosa de Sarom” é feminino e não há base bíblica para aplicá-lo a Jesus. O que o senhor pode me dizer a respeito disso?

Pastor Ciro responde:

Caro Josedson, a paz do Senhor!

Agradeço-lhe pelas palavras de incentivo. Glória seja dada ao Senhor Jesus!

Quanto ao pregador que afirmou que o título “rosa de Sarom”, mencionado em Cantares 2.1, não se refere a Cristo, ele está certo. E, para se chegar a essa conclusão, é preciso observar com muito cuidado o contexto da passagem citada. Muitos irmãos leem o versículo isolado e acabam deduzindo, erroneamente, que o título alude ao Senhor Jesus.

O livro de Cantares apresenta um diálogo alternante entre a sulamita e seu amado, e é preciso ler cada versículo com atenção para identificar quem está falando. No fim do capítulo 1, o noivo diz: “Eis que és formosa, ó amiga minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas” (v.15). E a noiva responde: “Eis que és gentil e agradável, ó amado meu; o nosso leito é viçoso. As traves da nossa casa são de cedro, as nossas varandas, de cipreste (vv.16,17).

Em Cantares 2.1, a noiva, que terminou falando no fim do capítulo 1, prossegue: “Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales”. No versículo 2, o noivo responde: “Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amiga entre as filhas”, deixando claro que “rosa de Sarom” e “lírio dos vales” se referem à noiva.

Portanto, é a donzela sulamita quem diz: “Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales” (Ct 2.1), posto que, logo em seguida, o noivo responde: “Qual lírio... tal é a minha amiga” (Ct 2.2). Ela se compara às flores simples dos campos, numa possível demonstração de que não estava acostumada à aristocracia de Jerusalém. Sarom é a planície litorânea imediatamente ao sul do monte Carmelo (cf.
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.984).

CSZ

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

É pecado fazer tatuagem?

Rafael Gomes pergunta:

A paz do Senhor Jesus, pastor Ciro. Tenho 23 anos e sou da Assembléia de Deus em Madureira-RJ. Assisti ao programa Clip Gospel da Igreja Renascer e fiquei completamente revoltado, triste, aborrecido, sem palavras... O apresentador fez uma tatuagem ao vivo e ainda disse que é bíblico. Ele tatuou a sarça que Moisés viu no deserto e apoiou os jovens a fazer o mesmo. Quero muito que o senhor comente sobre isso.

Pastor Ciro responde:

Prezado Rafael, a paz do Senhor.

Em nossos dias há um grupo de evangélicos que não têm a Bíblia de fato como lâmpada para os seus pés e luz para o seu caminho (Sl 119.105). Alguns dizem ter a marca da promessa; outros afirmam que crente que tem promessa não morre; e outros gostam da caixinha de promessas. Enfim, vivem em função das promessas! Não descobriram que a Bíblia não é apenas um Livro de promessas; ignoram os seus mandamentos e princípios.

A bem da verdade, alguns grupos ditos evangélicos até dizem seguir aos mandamentos da Palavra de Deus. Mas ignoram por completo os princípios bíblicos. E estes são fundamentais para responder a perguntas difíceis como a sua. Aliás, muitos jovens já me perguntaram se o crente pode usar tatuagem. E eu lhes repondi: “Pode!” Mas, antes que falassem mais alguma coisa, acrescentei: “O crente deve fazer tatuagem?”

É claro que não encontramos na Bíblia um mandamento do tipo “Não farás tatuagem”. É é isso que os crentes liberalistas abraçam. “Já que não há mandamento contrário à tatuagem, então podemos tatuar livremente o nosso corpo”, afirmam. Que engano! Eles ignoram por completo o fato de que a Palavra de Deus contém princípios, pelos quais o Senhor controla todo o nosso viver. E os princípios, diferentemente dos mandamentos, são gerais. Não há especificidades neles, mas por meio deles sabemos se a tatuagem, por exemplo, combina ou não com a vida cristã.

Há muitos princípios na Palavra de Deus. O livro de Provérbios apresenta vários. E em cada livro da Bíblia eles estão entremeados a mandamentos e promessas (e às vezes embutidos neles). Somente um crente desejoso de andar segundo a Bíblia se dá ao trabalho de encontrá-los e passar a segui-los no dia-a-dia. Quer exemplos? Leia Lucas 9.23; Romanos 12.1,2; 1 João 2.15-17; 1 Coríntios 6.12; 10.23,31; Filipenses 4.8; 1 Tessalonicenses 5.22; e Hebreus12.1.

Em que os princípios contidos nas passagens acima se relacionam com a pergunta em apreço? Primeiro, ser cristão implica renúncia ao “eu”, à própria vontade. Quem segue a Cristo deve ou não abandonar efemeridades como tatuagem, piercing, etc.? Segundo, vida cristã implica não amar o mundo nem o que nele há, tampouco conformar-se com a sua filosofia. E “mundo” aqui denota “o modo de viver das pessoas ímpias” ou “o sistema dominado por Satanás”. A tatuagem é própria desse mundo que tem o Diabo como príncipe.

Terceiro, temos livre-arbítrio, pois todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas nos convêm ou edificam. Nesse caso, eu posso, mas não devo fazer tatuagem. Quarto, tudo o que fazemos deve glorificar a Deus. Como pretendo fazer isso tatuando o meu corpo? Qual é a fama da tatuagem? Confronte-a com o princípio contido em Filipenses 4.8, de que devemos atentar para o que é de boa fama. Diante dos princípios da Palavra de Deus já mencionados, não há dúvida de que a tatuagem não combina com a vida cristã, ainda que não haja um mandamento expresso condenando-a.

Quinto, é impossível glorificar a Deus por meio de tatuagens, pois não devemos apenas evitar o pecado. O princípio contido em 1 Tessalonicenses 5.22 mostra que devemos evitar também a aparência do mal. E existem pecados e embaraços, como vemos em Hebreus 12.1. E estes podem se tornar piores do que pecados expressos mediante mandamentos. Alguém insistirá em dizer que não há mandamento quanto à tatuagem... De fato, mas para que servem os princípios?

Não há mandamentos sobre pecados novos. (É claro que a tatuagem já existe há muito tempo, mas não como é usada nesses tempos pós-modernos.) O Tentador é criativo. Já pensou se a Bíblia tivesse mandamentos expressos para todos os tipos de pecados? A Bíblia seria muito maior. Daí Paulo valer-se, em Gálatas 5.21, da expressão “e coisas semelhantes a estas”. Mas não há dúvida, à luz dos princípios da Palavra de Deus, que o Senhor não se agrada de pecados como fazer tatuagem, “ficar”, comprar CD e DVD
“pirata”, fazer down-load de livro sem a permissão do autor e da editora, prática comum na Internet...

Que Deus o abençoe!

CSZ

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Quais são as doutrinas da salvação?

Um calvinista pergunta:

Pastor Ciro, a paz do Senhor. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. O senhor poderia me mostrar quais são as vinte doutrinas da salvação? Não precisa explicá-las; apenas enumere-as, não só para mim, mas para outros irmãos que podem ter ficado curiosos em conhecê-las.

Pastor Ciro responde:

As (pelo menos) vinte doutrinas da salvação são as seguintes:
1) A doutrina do pecado (Rm 3.23; 5.12,20), pois o pecado é a causa da perdição da humanidade.
2) A doutrina da graça de Deus (Tt 2.11; 3.4), haja vista ser a graça a salvação quanto ao seu alcance.
3) A doutrina da expiação pelo sangue (Lv 17.11), uma vez que a expiação implica salvação quanto ao pecado.
4) A doutrina da redenção (Ef 1.7), que trata da salvação quanto ao pecador.
5) A doutrina da propiciação (Êx 32.30), que enfatiza a salvação como um ato benevolente de Deus.
6) A doutrina da fé salvífica (Ef 2.8), que trata do meio requerido por Deus para salvar o homem.
7) A doutrina do arrependimento (Mc 1.14,15), que está intimamente ligada à doutrina da fé salvífica.
8) A doutrina da confissão (Rm 10.9,10).
9) A doutrina do perdão dos pecados (Cl 3.13).
10) A doutrina da regeneração espiritual (1 Pe 1.3; Tt 3.5), que aborda o que ocorre dentro do pecador ao receber de Deus a salvação.
11) A doutrina da imputação da justiça de Deus (Gn 15.6; Rm 4.2-11; 5.13; 2 Co 5.19; Fm v.18; Tg 2.23).
12) A doutrina da adoção de filhos (Gl 4.5,6).
13) A doutrina da santificação do crente (1 Co 6.11; 2 Co 7.1), isto é, a santificação posicional, “em Cristo”, e também a progressiva, no tempo presente.
14) A doutrina da presciência de Deus (1 Pe 1.2).
15) A doutrina da eleição divina (1 Pe 1.2).
16) A doutrina da predestinação (Rm 8.29).
17) A doutrina da chamada para a salvação (Rm 8.30).
18) A doutrina da justificação pela fé (Rm 8.30), haja vista ser a justificação a nossa salvação vista na presença de Deus.
19) A doutrina do julgamento do crente (2 Co 5.10; Rm 14.10), também, e principalmente, relacionada com a Escatologia.
20) As doutrinas da glorificação dos salvos (Rm 8.30) e da salvação nas eras divinas futuras (Ef 2.7; 1 Tm 1.17; Jo 1.29).

Em Cristo,

CSZ

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Crente assembleiano confuso quanto às línguas estranhas

Rafhael pergunta:

Vendo o senhor dando uma explicação no seu blog sobre sintomas do batismo no Espírito Santo, afirmo que não está à luz da Bíblia. Primeiro, Paulo faz uma pergunta irônica, em 1 Coríntios 12.30. Aqui ele mostra que nem todos falam línguas. E, no dia de Pentecostes, foram línguas idiomáticas.

Segundo, Paulo falou que nem todos falam línguas, então Deus escolheria batizar uns e outros não no Espírito Santo. A Bíblia fala que todos nós somos batizados em um só Espirito (1 Co 12.13). Pastor, desprenda-se das coisas da Assembléia de Deus. Sei que o Senhor não pode ir contra a doutrina assembleiana; eu sou da Assembléia, mas prefiro defender a Bíblia. Paz de Cristo para o Senhor.

Pastor Ciro responde:

Prezado Raphael, a paz do Senhor.

Em primeiro lugar, tenho um conselho a lhe dar: nunca fale sobre o que não conhece, pois o seu texto mostra o quanto se arrisca em um campo que desconhece. O irmão precisa, antes de tudo, conhecer a doutrina acerca da manifestação multiforme do Espírito Santo. Precisa, ainda, melhorar o seu texto, que, com toda a sinceridade, está sofrível. Se eu não o tivesse corrigido, seria praticamente impossível compreendê-lo. Falo isso para ajudá-lo, pois, se realmente quer argumentar sobre as doutrinas bíblicas em alto nível, primeiro precisa aprender a escrever de maneira minimamente inteligível, deixando de lado vícios adolescentes como “naum”, “vc”, “intao”, “mim respondeu” e principalmente os erros de concordância.

O irmão pode mesmo sustentar o que disse, biblicamente? Tem certeza de que a doutrina acerca do batismo com o Espírito Santo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, é antibíblica? Pode afirmar peremptoriamente que não existe o dom de variedade de línguas? Afinal, o irmão empregou 1 Coríntios 12.30 para defender as suas idéias, ignorando que três capítulos inteiros (1 Coríntios 12 a 14) tratam do assunto! Tenha cuidado, meu amado; a sua argumentação não resiste às Escrituras.

Segundo a Palavra de Deus, falar em línguas, antes de tudo, é um modo de dirigir-se a Deus, sobrenaturalmente (1 Co 14.2). E todos os crentes podem buscar esse dom, que está atrelado sim ao batismo com o Espírito Santo, um revestimento de poder para quem já é salvo (Lc 24.49; At 1.8). Mas o crente batizado com o Espírito pode também ser agraciado com o dom de variedade de línguas, pelo qual (em conexão com o dom de interpretação de línguas) pode-se transmitir mensagens da parte de Deus para a igreja (1 Co 14.5). As línguas estranhas fazem parte do culto, posto que sequer podem ser proibidas (1 Co 14.37-40; 1 Ts 5.19).

O irmão sugeriu que as línguas faladas, no dia de Pentecostes, foram idiomas aprendidos. Com base em que chegou a essa conclusão? Leia Atos 2.1-4 e veja que os crentes falavam conforme o Espírito lhes concendia que falassem. Ainda que os representantes de nações entenderam as línguas, os emissores não as conheciam. Ademais, o apóstolo Pedro, no mesmo capítulo, explica que o que estava acontecendo era o cumprimento da promessa registrada em Joel 2.28,29, que alude ao derramamento do Espírito Santo.

Segundo a Palavra de Deus, em 1 Coríntios 14, para interpretar as línguas (numa alusão ao dom de variedade de línguas), é preciso orar, haja vista serem elas sobrenaturais, e não idiomas aprendidos (v.13). Quem sabe inglês, por exemplo, não precisa orar para interpretar uma pessoa que fala nesse idioma, não é mesmo?

Quando o apóstolo Paulo disse que nem todos falam línguas, não se referiu ao batismo com o Espírito, e sim ao dom de variedade de línguas, distinção que o irmão desconhece. Aprofunde-se no assunto, pois, em razão de sua dificuldade de compreensão, não poderei avançar em minhas considerações. Mas escrevi o que escrevi para que o irmão e outros que pensem da mesma forma sejam estimulados a estudar mais antes de quererem discorrer sobre o que desconhecem.

Outrossim, não confunda o batismo com o Espírito Santo (que é um revestimento de poder para quem já é salvo) com o batismo realizado pelo Espírito no momento da conversão, ao “mergulhar” o novo crente no Corpo de Cristo, a Igreja (1 Co 12.13). Insisto: o irmão precisa estudar mais, em meditação, a Palavra de Deus, antes de tirar conclusões precipitadas.

Portanto, como se vê, não sou eu quem tenho de me despreender do assembleianismo, e sim o irmão quem deve abandonar o falacioso cessacionismo. Aliás, pela sua argumentação, vejo que o irmão, se é mesmo assembleiano, é apenas nominal, haja vista não ter entendido nada do que significa o pentecostalismo clássico e bíblico. Mas não me tenha mal pela sinceridade.

Em Cristo,

CSZ