Fabrício da Silva pergunta:
A paz do Senhor, Pr. Ciro! Li o seu livro Erros que o Pregadores Devem Evitar e fui muito abençoado com os conhecimentos adquiridos. Gostaria que o senhor esclarecesse alguns pontos, pois fiquei em dúvida. 1) A passagem de Eclesiastes 9.5 fala sobre a consciência após a morte. Como o senhor explica o episódio envolvendo rico e Lázaro (Lc 16.19-31)? 2) Em 1 João 3.9 está escrito que o nascido de Deus não comete pecado. Porém, em 1 João 1.8-10, a Palavra diz que, se dissermos que não temos pecado, somos mentirosos. Como o senhor diferencia essas passagens?
Desde já agradeço a sua atenção. Que Deus abençoe o seu ministério.
Pastor Ciro responde:
Caro irmão Fabrício, a paz do Senhor. Agradeço-lhe pelas palavras de incentivo e pela menção honrosa ao meu livro.
O livro de Eclesiastes se propõe a abordar a vida humana na terra do ponto de vista natural. Daí o autor usar sempre as expressões “debaixo do sol” e “debaixo do céu” (1.3; 3.1; 9.6, etc.). No capítulo 9, ele se refere exclusivamente à vida na terra. E, como se ressalta nos versículos 5 e 6, quando o ser humano morre, todos os sentimentos atrelados a essa vida desaparecem. Mas isso não quer dizer que a parte espiritual (o “homem interior” [2 Co 4.16]) seja aniquilada.
No próprio livro de Eclesiastes se distingue a vida humana da vida eterna, enfatizando-se que a morte é a separação entre a parte material (corpo) e a parte espiritual (formada por alma e espírito), como lemos em 12.7: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Isso significa que o corpo fica na terra, e a parte espiritual fica sob o controle de Deus (Mt 10.28).
Em Lucas 16.19-31 e em outras passagens vemos que a alma da pessoa, depois de sua morte, não morre nem dorme, como dizem os defensores da falaciosa doutrina do sono da alma. O texto de Eclesiastes 9.5 faz menção, nesse caso, das coisas desta vida. Mas, em sentido amplo, após a morte, não se perde a consciência, como se depreende também da leitura de Apocalipse 6.9,10.
Quanto à sua dúvida relacionada com 1 João 3.9, a ideia contida no texto original, a qual é respaldada pelos contextos imediato e remoto, é de que a pessoa renascida, que experimentou o novo nascimento (Jo 3.3), não vive na prática do pecado (Rm 8.1-9). Ou seja, ela não se inclina, como antes, às coisas da carne, pois é nova criatura (2 Co 5.17).
O pecador que não conhece a Cristo peca naturalmente. Mas o salvo resiste ao pecado (Hb 12.4). Ele é capacitado pelo Espírito a vencer as obras da carne (Gl 5.16-22). Mas isso não quer dizer que, depois de renascido, não tenha mais o pecado original, herdado de Adão (Rm 5.12), nem que esteja livre de cometer pecados.
Em resumo, temos pecado (o original), como está escrito em 1 João 1.8, podemos praticar pecados (se não vigiarmos), mas não é comum um servo de Deus viver na prática do pecado. Por isso, está escrito que ele não peca, isto é, não vive pecando. Se pecarmos, devemos confessar os nossos pecados a Deus (1 Jo 1.9,10), pois temos um Advogado, Jesus Cristo, o Justo (2.1,2).
CSZ